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Cartografia
Caracterização biofísica
Hipsometria
De Norte para Sul, salienta-se desde logo o relevo transmontano como exemplo do extenso domínio dos elementos planos, colocados a diferentes níveis, embora com o mais importante, a Meseta, a desenvolver uma superfície pelos 700-800 metros de altitude, com forte regularidade a Norte do rio Douro, por quase todo o Noroeste (Pierre Birot, 1946; A. Brum Ferreira, 1978 e 1991).
Detentor de um particular interesse paisagístico, o concelho de Valpaços agrega diversos e importantes elementos naturais e humanos, com características específicas e contrastantes, mas de grande valor cénico, e onde a geologia do xisto e do granito, o relevo, a ocupação do solo, os valores culturais e os vales dos principais rios e seus afluentes têm grande expressão visual.
Devido à sua importância local, há que destacar relevos salientes de origem tectónica, posterior à grande aplanação – a serra da Padrela com 1148 metros de altitude poderá constituir um exemplo, mas também a do Barracão com 786 metros. A sul do concelho o relevo é marcado pela sub-região de Santa Comba que se eleva até aos 1013 metros de altitude. Por sua vez, a área central e oriental do concelho é marcada pelo fosso tectónico, onde se encaixa o rio Rabaçal e respectivos afluentes – o que confere características bioclimáticas específicas à área geográfica em questão, além do correspondente substracto geológico.
Do ponto de vista geomorfológico, o concelho caracteriza-se por uma situação de montanha – na área Oeste a serra da Padrela (1148 metros de altitude) e a Sul a serra de Santa Comba (1013 metros de altitude), a Nordeste destaca-se a Serra do Barracão (786 metros de altitude) – apesar de integrar o planalto transmontano.
À situação de montanha supracitada, contrapõe-se um vale profundo e fértil, no qual serpenteiam linhas de água, onde se registam altitudes que rondam os 300 – 400 metros de altitude, sendo a altitude média do concelho de 590 metros.
A organização da rede hidrográfica constitui um último tema no estudo da estrutura e do relevo concelhio.
Deste modo, a nível hidrológico, Valpaços caracteriza-se pela alternância de alvéolos de erosão e vales fluviais nas áreas baixas com relevos acentuados.
Na área Este do território concelhio, espraia-se o vale do rio Rabaçal, com um perfil transversal em U, caracterizado por um traçado de curvas muito extensas e largas, onde o rio percorre vastas áreas planas resultantes de um fosso tectónico originado por falhas e abatimentos de blocos.
De um modo geral, o traçado dos principais rios e ribeiras concelhios, apresentam uma direcção no sentido Oeste–Sudeste, testemunhando, pela feição desconcertante que assume, a fracturação existente e marcando a paisagem da área central do concelho.
Por sua vez, o traçado do rio de Curros, na área Sudoeste no concelho, apresenta uma orientação Norte–Sul, acompanhando a diminuição da altitude.
Em geral os vales alargam-se de montante para jusante, apresentando faixas ora planas, ora arenosas ou transformadas em férteis áreas agrícolas.
Litologia
Atendendo ao quadro das divisões Paleogeográficas da Península Ibérica, Valpaços enquadra-se na Zona Centro-Ibérica e na Sub-zona Galaico-Transmontana.
A área correspondente ao concelho compreende, essencialmente, formações graníticas sintectónicas, alternadas com rochas xistentas que se alongam por uma faixa que abrange Ervões, Algeriz, Água Revés e Veiga de Lila a aluviões actuais que ocorrem ao longo dos principais cursos de água.
Valpaços insere-se, assim, numa região na qual predominam os xistos, granitos, quartzitos, e com menor expressão, rochas filonianas e aluviões, compreendendo idades do Silúrico até aos dias de hoje.
Clima e formações vegetais
Ao encetarmos o estudo do clima, teremos que salientar a distribuição das massas montanhosas e a posição latitudinal, no limite entre os anticiclones subtropicais – que originam tempo estável e seco – e os ciclones das latitudes médias – que provocam tempo chuvoso – constituem as duas principais causas dos contrastes climáticos em Portugal. A existência de uma grande massa continental (Espanha), a Leste, também exerce influência pelo desenvolvimento de mecanismos que originam situações anti-ciclónicas no Inverno e ciclónicas no Verão.
Do ponto de vista climático, o concelho insere-se num clima sub-atlântico repartindo-se por três sub-tipos, tendo como bitola o valor da temperatura. Deste modo, na fachada ocidental predomina o clima da Terra Fria de Planalto, recebendo a influência da orografia que culmina com os 1148 metros de altitude da serra da Padrela. Na área central do concelho prevalece o clima sub-atlântico da Terra de Transição, onde as formas de relevo ganham uma feição mais aplanada ou suavemente ondulada. Por último, à medida que se acentua o vale do rio Rabaçal, na parte oriental concelhia, destaca-se o clima sub-atlântico Terra Quente.
É enorme o gradiente pluviométrico Oeste-Este no Norte de Portugal: certos vales encaixados de Trás-os-Montes recebem anualmente valores semelhantes ao da orla algarvia. Apenas alguns maciços elevados, mais expostos ou isolados (como a serra da Padrela) escapam à penúria pluviométrica.
Neste sentido, a serra da Padrela comporta-se como uma barreira de condensação, face aos ventos oceânicos carregados de humidade que estão na origem da abundante precipitação – à medida que a altitude diminui há uma retracção na penetração de massas de ar húmido oceânico na área oriental do concelho (vale do rio Rabaçal), registando-se uma acentuada diminuição dos valores pluviométricos, em apenas 18,5 km em linha recta passamos de valores de precipitação superiores a 1100 mm anuais, na serra da Padrela, para 560 mm anuais em Rio Torto, conferindo ao clima uma feição mais mediterrânea.
Constata-se, assim, que no concelho de Valpaços, a quantidade de precipitação diminui de Poente para Nascente. Contudo, registam-se algumas variações pontuais devido à altitude, tendo como ilustração o caso da serra de Santa Comba na área Sul do concelho.
A precipitação média anual apresenta valores a rondar os 1 100 mm, na área Oeste do concelho, mais concretamente nas encostas expostas aos ventos de Oeste. Por outro lado, estes valores diminuem substancialmente no vale do Rabaçal, que marca o limite a Este do concelho, em que se regista valores abaixo de 600 mm por ano, devido ao facto de se encontrar mais abrigado dos ventos oceânicos.
O concelho apresenta uma temperatura média anual na ordem dos 10º C na área Oeste e Nordeste, com Verões amenos e Invernos frios. À medida que nos deslocamos para o vale do Rabaçal, e pelas razões já expostas, assinala-se um aumento da temperatura com uma média anual de 14º C, com Verões quentes e os Invernos frios.
Por fim, no que respeita às espécies florestais, o concelho de Valpaços insere-se numa área de grande diversificação, determinadas pelas diferenças climáticas ou atenuadas pela acção do Homem, sendo a espécie dominante o pinheiro bravo (Pinus Pinaster). Existe, todavia, outra vegetação arbórea em equilíbrio ecológico que ocupa o solo concelhio.
De um modo geral, as espécies vegetais mudam à medida que diminuem os valores de altitude e precipitação e se regista um aumento a temperatura. Este facto é visível na área de transição 600 – 800 metros de altitude, onde se encontra frequentemente o Zimbro (Juniperus Oxycedrus) e o carvalho negral (Quercus Pyrenaica). Nas áreas do território concelhio abaixo dos 600 metros, Terra Quente, predomina o sobreiro (Quercus Suber) e a azinheira (Quercus Ilex). Ao longo dos trechos dos principais rios predominam os habituais amieiros (Almus Glutinosa) e os salgueiros (Salix Salvofolia).
Pode consultar os seguintes elementos cartográficos relativos ao concelho de Valpaços: